“Quando o mercado vai mal é que você tem as melhores oportunidades”, disse Itikawa.
Lemann, Telles e Sicupira detêm uma fortuna combinada de 44 bilhões de dólares, de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg. Eles são mundialmente conhecidos por alguns dos maiores negócios no setor de consumo, e detêm participações na Anheuser-Busch InBev, a maior cervejaria do mundo, e na Restaurant Brands International, a empresa por trás do Burger King.
Ricos do mundo todo têm aproveitado a pandemia para comprar ativos imobiliários com preços mais baixos.
Os bilionários irmãos Reuben compraram hotéis recentemente em Nova York e Veneza, enquanto a unidade de negócios imobiliários do homem mais rico da Tailândia, Charoen Sirivadhanabhakdi, disse que também planeja adquirir hotéis com pagamentos de dívida em atraso no país, apostando em um rápido renascimento do turismo conforme o Sudeste Asiático reabre para visitantes estrangeiros.
Os ativos imobiliários dos fundadores do 3G vieram em parte das Lojas Americanas, a rede varejista brasileira que eles possuem há mais de quatro décadas. A São Carlos foi originalmente criada para administrar lojas da empresa antes de voltar seu foco para escritórios.
Apartamentos de aluguel
Eles também são compradores em outro canto do mercado imobiliário brasileiro. Telles e um dos seis filhos de Lemann, Jorge Felipe Lemann, mais conhecido como Pipo, são sócios da JFL Holding, especializada na compra de terrenos para construção de prédios de apartamentos para aluguel em bairros nobres de São Paulo.
“Começamos em 2015 e nosso plano era crescer por meio de projetos greenfield para ter mais controle sobre o preço do condomínio”, disse Carolina Burg, uma das fundadoras e sócias da JFL.
Mas, depois que as recessões de 2015 e 2016 no Brasil criaram oportunidades de compra, a empresa mudou de estratégia e acabou adquirindo alguns edifícios já construídos.
Os apartamentos alugados da JFL são mobiliados, oferecendo serviços como limpeza, manutenção e até café da manhã com aluguéis que variam de 7.800 reais a 53.000 reais por mês.
Embora a pandemia tenha reduzido a demanda de executivos, que passaram a viajar menos, a empresa conseguiu compensar com contratos mais longos de pessoas que buscavam casas maiores, disse ela.
A JFL comprou recentemente dois imóveis em São Paulo, um no bairro dos Jardins, onde construirá dois prédios, e outro na rua General Mena Barreto, próximo ao Parque do Ibirapuera. A empresa está negociando outros quatro prédios e tem de 600 milhões de reais a 1 bilhão de reais para investir neste ano, disse Burg.
A carteira de imóveis do JFL valerá cerca de 2,5 bilhões de reais quando todos os edifícios estiverem prontos, ela estimou.
“Há muito espaço para crescer, mas queremos buscar retornos atraentes”, disse Burg. “Precisamos ter cautela, porque com juros baixos há muito mais compradores competindo conosco no mercado imobiliário residencial e algumas coisas estão sendo vendidas a preços absurdos.”
Reportagem: Exame Invest